sábado, 2 de julho de 2011

D'Alembert

Jean Le Rond D'Alembert    
Matemático e filósofo francês, Jean Le Rond d'Alembert nasceu em 1717, em Paris, e morreu em 1783, na mesma cidade. Foi abandonado à nascença, tendo sido entregue aos cuidados da esposa de um vidraceiro. Com doze anos frequentou o colégio das Quatro Nações, causando admiração aos mestres pela sua facilidade na especulação filosófica. Recusou dedicar-se à Teologia e preferiu estudar Direito. Descobriu depois a sua vocação para as matemáticas. Em 1739 ingressou na Academia das Ciências. Dois anos depois foi nomeado adjunto na secção de astronomia. Foi nomeado geómetra associado em 1746 e titular em 1765.
Em 1752 estabeleceu equações acerca do movimento dos fluidos. Descobriu a solução de uma equação de derivadas parciais e propôs um método de resolução de sistemas de equações diferenciais. As pesquisas no campo da mecânica e da astronomia representaram um contributo fundamental para o avanço da ciência.
Para além da sua atividade como academista, D'Alembert foi também um frequentador de salões, nomeadamente o de M.me Deffand.
Deteve um papel fundamental na difusão das novas ideias sem, no entanto, mostrar qualquer agressividade na sua exposição. Fiel ao seu apego a uma determinada atitude mental, foi este o espírito que utilizou na sua colaboração no projeto da Enciclopédia, dirigida por Denis Diderot. Ali D'Alembert não se limitou a escrever e a rever os artigos sobre matemática, como redigiu também o discurso preliminar e o prefácio. O projeto da Enciclopédia contou também com a colaboração de Voltaire e Montesquieu.
Depois de uma rutura com Diderot, D'Alembert não se distanciou dos enciclopedistas, antes fez prevalecer o espírito da Academia; a partir daí dedicou-se às Letras e às Artes escrevendo várias obras.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

L'Hopital

L'hopital (1661 - 1704)


Analisando os matemáticos dos séculos XVII e XVIII, nos deparamos com vários personagens europeus para os quais será necessário dedicar algumas palavras. Seus trabalhos marcam os passos pela qual a geometria analítica, o cálculo diferencial e o cálculo integral foram aperfeiçoados. Quase todos eles eram alunos de um ou outro dos dois Bernoullis mais velhos, sendo todos muito contemporâneos, o que torna difícil organizá-los cronologicamente. Os mais eminentes deles são Cramer, de Gua, De Montmort, Fagnano, L'Hôpital (ou L'Hospital, mais abaixo explicado), Nicole, Pai, Riccati, Saurin, e Varignon.

Guillaume François Antoine de l'Hospital, Marquês de Sainte-Mesme, matemático e nobre francês, nascido em Paris em 1661 e falecido na mesma cidade em 2 de fevereiro de 1704. Serviu como um oficial de cavalaria mas saiu por problemas de saúde, dirigindo, então, toda a sua atenção para a matemática. Estava entre os alunos mais antigos de John Bernoulli, quem, em 1691, dedicou alguns meses de seu tempo hospedado na casa de l'Hospital, em Paris, com o propósito de ensinar-lhe o novo cálculo. Parece estranho, mas o conhecimento do cálculo infinitesimal e o poder de usá-lo, na época, era limitado a
Newton, Leibniz e aos dois Bernoullis mais velhos - e é notado que eles eram os únicos matemáticos que conseguiam resolver os problemas mais difíceis que à época eram propostos como desafio. Não existia naquele tempo um único texto ou livro sobre o assunto e o crédito de escrever o primeiro tratado que explicava os princípios e a forma de uso dos métodos sobre o tema é devido a l'Hospital. O texto foi publicado em 1696 sob o título L'Analyse des Infiniment Petits pour l'Intelligence des Lignes Courbes, o que foi o primeiro manual publicado de cálculo diferencial. Neste livro está incluída a regra que leva seu nome e também contém uma investigação parcial do valor limite da relação de funções, que para um certo valor da variável toma a forma de indeterminação 0/0, um problema resolvido por John Bernoulli em 1704. Este trabalho teve uma grande circulação e acabou por dar forma à notação de diferencial a ser usada na a França, ajudando a fazê-lo conhecido por toda a Europa.

Um suplemento contendo um tratamento semelhante do cálculo integral, junto com adições para o cálculo diferencial, que tinham sido feitas na segunda metade do século, foi publicado em Paris, em 1754-56, por L. A. de Bougainville.

Aos 15 anos, L'Hospital resolveu o difícil problema sobre ciclóides, proposto por
Pascal. Tomou parte em quase todos desafios emitidos por Leibniz, pelos Bernoullis e por outros matemáticos continentais da época. Em particular ele deu uma solução do brachystochrone* e investigou a forma do sólido de menor resistência sobre o qual Newton, na Principia, declarou o resultado. Ele também escreveu um tratado analítico sobre cones, que foi publicado em 1707, e que foi por quase um século julgado um trabalho padrão sobre o assunto.

A forma original de seu nome era L'Hospital. A partir de uma das várias reformas ortográficas  ocorridas na França entre os séculos XVII e XIX, a grafia correta passou a ser L'Hôpital.

* O problema de Brachystochrone foi proposto por Jacob Bernoulli no século XVII. Sua forma clássica pedia para que se encontrasse o menor trajeto possível que um corpo faria em uma trajetória descendente, entre dois pontos dados, onde seu movimento se daria unicamente pela força de gravidade constante atuante sobre este próprio corpo, sem a existência de atrito.

Links de vídeos a respeito da história do PI

http://www.youtube.com/watch?v=4Q1ANbimk4I História do pi 1/10
http://www.youtube.com/watch?v=zUdp-EDJEcM&feature=related História do pi 2/10
http://www.youtube.com/watch?v=A6aqY3Sx6Ag&feature=related História do pi 3/10
http://www.youtube.com/watch?v=IrMJJ4Pg-nQ&feature=related História do pi 4/10
http://www.youtube.com/watch?v=VA4PVRgLcEQ&feature=related História do pi 5/10
http://www.youtube.com/watch?v=_xacmrolaEA&feature=related História do pi 6/10
http://www.youtube.com/watch?v=CBQBax8ES6c&feature=related História do pi 7/10
http://www.youtube.com/watch?v=T4C8NoBHxsg&feature=related História do pi 8/10
http://www.youtube.com/watch?v=nB0VFJt6Ma0&feature=related História do pi 9/10
http://www.youtube.com/watch?v=Vqrjf6AbPuk&feature=related História do pi 10/10

http://www.youtube.com/watch?v=cJHAYrUylkE&feature=related História del pi

Divirta-se com essa canção das casas decimais do pi: http://www.youtube.com/watch?v=KgeKx6O2cLQ

O que é o número (pi) ?

 
 
 
 
 
 
 
 
 
O número π é definido como sendo a razão entre a circunferência de um círculo e o seu diâmetro. Mas este número tem outras personalidades. É também um número irracional e um número transcendente.
O fascínio pelo π e a determinação do seu valor têm acompanhado a matemática ao longo da sua história. Desde cedo que se teve consciência de que o seu valor é constante. No Antigo Testamento, no Livro dos Reis e nas Crónicas, o valor de π era 3. Na Babilónia, esse valor era de 25/8. Para os egípcios, de acordo com o papiro de Rhind,  π = 4(8/9)² = 3.16. Estes valores foram determinados recorrendo a medições.
Entretanto, o valor de π passou também a ser determinado através de cálculos teóricos. Por exemplo, Arquimedes (287-212 a.C.) situou o valor de π entre 3(1/7) e 3(10/71), fazendo aumentar o número de lados de um polígono inscrito. Por sua vez, Ptolomeu, em 150 d.C., estimou esse valor em 3,1416.
Outros matemáticos estimaram o valor de π , como por exemplo:
Tsu Ch'ung Chi (430-501 d.C.) : 355/113;
al-Khwarizmi (c. 800 ) : 3.1416;
al-Kashi (c. 1430) , com 14 casas decimais;
Viète (1540-1603) , com 9 casas decimais;
Roomen (1561-1615) , com 17 casas decimais;
Van Ceulen (c. 1600) , com 35 casas decimais.
Com a descoberta do cálculo infinitesimal, passou a recorrer-se também à utilização de séries infinitas convergentes, de produtos e de fracções, para aproximar π.
Nos dias de hoje, recorre-se ao computador para estimar o valor de π . O seu valor é já conhecido com mais de mil milhões de casas decimais.
Considerado uma constante fundamental da matemática, π figura em muitas fórmulas importantes, como, por exemplo, a do perímetro de um círculo (P = 2πR), a da área de um círculo (A = πR²), a do volume de uma esfera (V = 4/3πR³), etc.
Para além de estar relacionado com o cálculo infinitesimal e a geometria, o π também apresenta relações com as probabilidades, como ilustra o problema da agulha de Buffon.
O problema da agulha de Buffon, séc. XVIII, constitui uma forma de determinar o valor de π e pode enunciar-se da seguinte forma:
"Considere-se um chão constituído por ripas de madeira de largura d, paralelas entre si. Deixa-se cair no chão uma agulha com comprimento k < d. Qual é a probabilidade de a agulha cair de modo a cruzar uma linha entre duas ripas adjacentes?"
Se a agulha cair sobre uma linha, o lançamento é considerado favorável. A descoberta de Buffon consistiu no facto de ter constatado que a razão entre o número de lançamentos favoráveis e o dos não favoráveis era dada por uma expressão que envolvia π. Se o comprimento da agulha for igual a d, a probabilidade de um lançamento favorável é de 2/π. Quanto maior for o número de lançamentos, maior é a aproximação do resultado ao valor de π .
Várias pessoas tentaram aproximar o valor de π atirando agulhas ao chão. O caso mais conhecido é o do matemático italiano M. Lazzerini, que em 1901 realizou 34080 lançamentos, obtendo para π o valor de 3.1415929 (correcto até à sexta casa decimal).
Um outro método que recorre ao cálculo de probabilidades para a determinação do valor de π foi inventado por R. Chartres, em 1904, que descobriu que a probabilidade de dois números escritos ao acaso serem primos entre si era de 6/π².
A importância atribuída ao número π chega mesmo a áreas como a busca de vida extraterrestre. Com efeito, são enviadas para o espaço, através de ondas electromagnéticas, sequências dos dígitos conhecidos do número π , com a intenção de que "alguém" nos "ouça" por esse Universo fora e nos responda, talvez, com o número de Nepper.

Cronologia do cálculo de π
Matemático
Ano
Casas Decimais
Egípcios (Papiro de Rhind)
1650 A.C.
1
250 A.C.
3
480 D.C.
7
1424
16
1596
35
1794
126
1874
527
Levi B. Smith, John W. Wrench
1949
1.120
Daniel Shanks, John W. Wrench
1961
100.265
Jean Guilloud, M. Bouyer
1973
1.000.000
Yasumasa Kanada, Sayaka Yoshino, Yoshiaki Tamura
1982
16.777.206
Yasumasa Kanada, Yoshiaki Tamura, Yoshinobu Kubo
1987
134.217.700
Chudnovskys
1989
1.011.196.691
Yasumasa Kanada, Daisuke Takahashi
1997
51.539.600.000
Yasumasa Kanada, Daisuke Takahashi
1999
206.158.430.000
Yasumasa Kanada
2002
1.241.100.000.000
Daisuke Takahashi
2009
2.576.980.370.000
2010
2.699.999.990.000
Shigeru Kondo & Alexander Yee
2010/08/02
5.000.000.000.000


A descoberta do PI

Erathostenes c. 250 AC mediu um arco de meridiano terrestre de 5000 estádios e, usando um instrumento de forma semi-esférica ( chamado skaphe), verificou que esse arco de meridiano era proporcional a um arco de meridiano da skaphe, o qual media 1/50 do meridiano da esfera desse instrumento. Consequentemente, concluiu que o meridiano terrestre e' 50*5000 = 250000 estádios. Ou seja, em lugar nenhum precisou saber o valor do PI! Esse exemplo, e outros que poderíamos mencionar, mostram que é bastante surpreendente que a quase totalidade das pessoas ache que PI foi descoberto ao se relacionar circunferências com diâmetros dos respectivos círculos. Embora a definição usual do PI baseie-se na constância da razão circunferência : diâmetro, muito provavelmente não foi essa a origem do PI. Com efeito, é difícil imaginarmos situações práticas reais onde, numa civilização incipiente, alguém tenha precisado calcular a circunferência de um círculo de diâmetro conhecido, ou vice-versa. Muito mais naturais sao problemas requerendo achar a área de um campo circular em termos do diâmetro ou mesmo em termos da circunferência. Em verdade, devia-se até questionar se a descoberta do PI realmente ocorreu no contexto de círculos, e não no de esferas.

Essa inquietação não é só nossa. O famoso historiador matemático Abraham Seidenberg gastou muitos anos de sua vida vasculhando museus e lendo trabalhos de antropologia, em busca dos mais antigos indícios de envolvimento humano com círculos, esferas e o PI. O resultado desses estudos foi resumido nos seus artigos The ritual origin of the circle and square, Archiv.  Hist. Exact Sc. 25, (1981), e principalmente em On the volume of a sphere, Archiv. Hist. Exact Sc. 39, (1988). Sua conclusão foi que o cálculo do volume da esfera em termos de seu diâmetro remontaria a antes de 2 000AC, sendo anterior a matemática das grandes antigas civilizações mesopotâmica, indiana, chinesa e egípcia. O historiador matemático B. van der Waerden identifica essa origem com o que chamo de Tradição Origem da Matemática e a localiza no Vale do Danúbio c. 4000 AC. Segundo Seidenberg, nessa tradição também se teria reconhecido a igualdade da constante de proporcionalidade relacionando circunferência com diâmetro e área de círculo com quadrado do raio; ou seja, já nessa tradição, possivelmente lá por 3000 a 4000AC, se teria reconhecido que o "PI da circunferência" é igual ao "PI da área do círculo". Também é interessante observar que Seidenberg concluiu que a descoberta dessa igualdade usou métodos infinitesimais, ao estilo de Cavalieri.

Trabalhar com trigonometria, envolve certamente o trabalho com ângulos, e para cálculos e medidas decorrentes destes ângulos, certamente será utilizado o PI (3,141592...). Um dos desafios com que o Homem se deparou foi, sem dúvida, o cálculo do pi, que estava longe de ser um número normal. Este é um número de tal forma único que se viria a transformar no número mais famoso da história universal. A sua história fascinante teve início há cerca de quatro mil anos atrás e prolongou-se até a atualidade em que ainda são efetuados cálculos, usando computadores, ansiando bater o recorde de casas decimais determinadas. Note-se que, atualmente, já se calculou o pi com mais de 206 bilhões de casas decimais. Muito foi dito sobre o pi, mas afinal, em termos simples, o que é o pi?

O pi é a razão entre o perímetro e o diâmetro de qualquer círculo.
Na antiguidade, se usava a fração 22 / 7 em substituição ao PI. O resultado (3,142857143...) fornece uma precisão razoável. O valor de pi, com 10 casas decimais, é suficiente para a maioria das "aplicações" práticas. Ocasionalmente, existe a necessidade de aumentar a precisão dos resultados obtidos, contudo não se conhece um único caso, de uma situação prática que requeira o uso de pi com mais do que 100 casas decimais. Então, por quê calcular o pi com bilhões de casas decimais?
Uma das razões é a necessidade da resolução de problemas que se levantaram à volta desse número, a necessidade de o conhecer de uma forma mais aprofundada, isto porque, a natureza do número pi intrigou matemáticos desde o início da história da matemática. As propriedades mais importantes do pi, e que ocuparam muitos matemáticos, são a irracionalidade e a transcendência, que foram estabelecidas em 1761 e 1882, respectivamente. Contudo, resolvidas estas questões, no século doze, a tônica foi colocada num outro tipo de questões, nomeadamente, saber se o pi, apesar de ser irracional e transcendental, é normal. PS: Irracional, significa que o PI não pode ser expresso através de uma fração, ou seja, ainda não foi descoberta uma seqüência repetitiva nas casas decimais.
Os egípcios sabiam trabalhar muito bem com razões, ou seja, divisões. Descobriram logo que a razão entre o comprimento de uma circunferência e o seu diâmetro é a mesma para qualquer circunferência, e o seu valor é um número "um pouquinho maior que 3".
É essa divisão que hoje chamamos pi.

Por que é tão difícil calcular o PI?

A principal razão é que PI não é uma fração. Com efeito, se PI pudesse ser escrito como uma fração m/n, seu cálculo poderia
·       ou se resumir em buscar o valor de tais numeros inteiros m e n
·       ou explorar a periodicidade de sua representação decimal ( por exemplo, se fosse verdade que PI = 22 /7 = 3.142857 142857 142857 ..., então nos bastaria achar o valor da parte inteira, 3, e o bloco 142857 que se repete indefinidamente ).
O fato de que, por mais de 2000 anos, ninguém tivesse conseguido explorar nenhuma das duas possibilidades acima é exatamente o que sugeriu que PI não deva ser uma fração. A verificação rigorosa desse fato, ou seja a demonstração da irracionalidade de PI, veio só com Lambert, em 1761.aleatoriamente.
Em verdade, por si só, a irracionalidade de PI não seria suficiente para determinar a dificuldade de seu cálculo; com efeito, existem irracionais de representação decimal previsível, e então fáceis de calcular, como é o caso de 3.10110111011110... . PI é difícil de calcular porque é um irracional imprevisível: sua representação decimal não mostra nenhuma previsibilidade, sendo que acredita-se que seus algarismos se distribuam.